Viva
Quero começar por dizer que estou completamente de acordo com a Filomena e a Paula.
Depois dar os parabéns pelo excelente trabalho do grupo.
Sobre aquilo que li gostaria de realçar, logo no início, a ideia absolutamente fantástica mas deliciosamente perigosa do bébé-tecno com chip ou sem ele...
Efectivamente, a identidade social dos jovens que estamos a criar e que serão os futuros pais (veremos se conseguirão fazer os filhos tecno-virtualmente ou se há matérias em que nada se alterará...), pode levar-nos a pensar nesta possibilidade mais seriamente do que, inicialmente, julgaríamos ir fazer.
A identificação dos jovens com as tecnologias é de tal forma vincada que, em todos os sentidos comunicacionais, os jovens nem se apercebem como elas passaram a ser extensões deles próprios, como é referido no trabalho do grupo. É pertença, comunhão de saberes, não de sabores por enquanto, partilha, colaborativismo, colectivismo. Os pares acabam por se unir em torno da causa, uma causa própria, bem determinada, uma causa tecnológica.
Salienta-se o caso específico dos telemóveis, hoje em dia, um acessório como qualquer outro, importante, sem o qual quase se sentem desprotegidos, despidos de qualquer virtude ou conhecimento. Dão a vida pelo aparelho, se perdido recuperá-lo "ou morrer a tentar recuperá-lo" passa a ser um objectivo de vida.
É curiosa a contradição entre refugiarem-se claramente nas tecnologias, nomeadamente, na web, e darem a conhecer, por outro lado, o espaço que habitam, a sua intimidade, divulgando-o nas páginas pessoais, blogues, com imagens ou vídeo de webcam. Percebe-se uma certa ausência de definição, uma busca constante dos outros, embora uma busca pelo isolamento. Partem demasiado fechados em si próprios, sem partilha física e contacto directo, mas a verdade é que é um processo que se vive durante a construção da identidade e que não se mantém por toda a vida. Podemos chamá-la de vida de funil, invertido embora, mas assim é. Começa por muito recato, no seu próprio espaço, aquele que melhor dominam, gostam de o dar a conhecer sem contestação alheia, impossível de efectivar pela distância imposta pela tecnologia. Vão alargando ao longo da vida e a verdade é que, adolescência passada, verificamos que a abertura é cada vez maior e a necessidade de interacção directa, mais física, torna-se um desejo a realizar.
Até podemos saber como os jovens utilizam as tecnologias e verificar os produtos daí resultantes, mas fundamental mesmo será a reflexão "sobre os efeitos das tecnologias na construção de identidades". E questionar se é o que queremos para a sociedade ou se devemos intervir e utilizar o bom senso determinando os limites do razoável. É que se forem ultrapassados demorará muitas gerações a construir uma nova identidade social colectiva.
RF